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terça-feira, 6 de outubro de 2009

Surpreenda-me

Por Moacir Scliar

"Façam a seguinte experiência: entrem no google, digitem a expressão 'surpreenda-me' ou o equivalente em inglês 'surprise-me'. Sabem quantas referências vocês obterão? Mais de 30 milhões.
Surpreenda-me, pedem canções, poemas, blogs. Surpreenda-me, pedem-nos as pessoas em geral.Com boas razões.Temos uma tendência irresistível para cair na rotina, para repetir as mesmas coisas, para dizer o que já foi dito, para olhar o que já foi visto.

Por que fazemos isso?
Em primeiro lugar, por temor ao desconhecido; no fundo, bem no fundo, achamos que as surpresas em geral são desagradáveis e que temos de evitá-las.Em segundo lugar, por comodidade e preguiça.É mais fácil repetir a rotina.
Isso até pode funcionar quando se trata, por exemplo, de um trabalho no qual a inovação não é fundamental; ai, "more of the same", mais da mesma coisa talvez seja inevitável.

Mas quando falamos na relação a dois a coisa é completamente diferente.Qualquer paixão, por mais intensa que seja, acaba liquidada pela rotina. Muitos jovens sabem disso e se perguntam, inquietos: como renovar os sentimentos? Como redescobrir o amor a cada encontro?
A resposta está no "surpreenda-me". Nenhuma novidade nisto: quem escreve contos, como eu, sabe que uma história bem-sucedida, a história que arrebatará o leitor, é aquela que guarda uma surpresa para o final.
Mas as histórias de amor que vivemos na realidade não precisam esperar o final.
A surpresa pode aparecer a qualquer momento: um lugar diferente, uma viagem, uma frase, um gesto. Surpreender a pessoa amada é partilhar daquela emoção que tinham os antigos navegantes quando chegavam a um novo país. E, se navegar é preciso, surpreender também é preciso, para chegar ao país da duradoura paixão."

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