“Quem me dera”
“Quem me dera que eu fosse o pó da estradaE que os pés dos pobres me estivessem pisando…Quem me dera que eu fosse os rios que corremE que as lavadeiras estivessem à minha beira…Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rioE tivesse só o céu por cima e a água por baixo…Quem me dera que eu fosse o burro do moleiroE que ele me batesse e me estimasse…Antes isso que ser o que atravessa a vida Olhando para trás de si e tendo pena…”
[Alberto Caeiro, Fernando Pessoa]
Fernando Pessoa, imortalizado por seus escritos, nos brinda com uma lição de vida neste poema, assinado por Alberto Caeiro, heterônimo que, não obstante a pouca instrução, demonstra que nada, nenhuma situação pode ser mais rebaixante que a passividade diante da vida, o olhar no passado e o cultivo do sentimento mais baixo que emana do homem: a pena...
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