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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

VERDADE

Nem preciso mais dizer por qual motivo sempre trago poesias no Ad Finem. Com vocês hoje, Verdade, do magnânimo e incomparável Drummond:

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.


E os dois meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram a um lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.

Era dividida em duas metades,
iferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
As duas eram totalmente belas.


Mas carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

Carlos Drummond de Andrade

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