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terça-feira, 19 de maio de 2009

POESIA

Há alguns dias não publico aqui nenhuma poesia. O tempo não tem permitido que eu me dedique, ao ad finem, da forma como desejo, todavia, tenho tentado não deixar meus fiéis webleitores "na mão". Como gosto muito de poesia, acredito que muitos dos que aqui passam também, eis ai mais uma de Fernando Pessoa. Apesar de achá-lo um pouco pesaroso e tendencioso a refletir a vida de forma pessimista, acho que ele exprime com muita propriedade sentimentos que, sem dúvida passam em nossa mente, mais dia menos dia.

Não sei quantas almas tenho
"Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu".
Lindo não é? Forte, profundo. Os poetas têm um plus que não consigo explicar, nem mesmo compreender. Eles conseguem ir dentro de nós, no íntimo e fazer-nos refletir, sentir, pensar. Invejo a sapiência dos poetas.
Queria eu ter a capacidade, inteligência, perspicácia e sagacidade dos grandes poetas.
Queria eu poder dedilhar automaticamente no teclado do meu PC e escrever algo atemporal, que chegasse até o íntimo do meu leitor, independentemente da cor, raça, sexo, religião ou concepção filofófica ou política.
Queria eu fazer tudo parecer diferente, nem que fosse por poucos segundos, em linhas belas que expressam esperança de um novo amanhã.
Queria eu conseguir ir ad finem, sem baixar a cabeça, sem olhar para os lados, sem ouvir a voz daqueles que dizem que não vou conseguir, sem voltar atrás, sem desistir dos meus sonhos, sem desistir de lutar por eles. Queria eu ir ad finem compreendendo que há momentos que é necessário deixar a lágrima rolar, e mostrar a todos a tua dor, contudo, que há outros que precisamos contê-las, pois elas dizem respeito apenas a nós mesmo. Queria eu ir ad finem sem deixar o medo dominar, sem deixar a fé, esperança e o amor faltar. Eita, acho que estou um pouco nostálgica, vocês não acham?!?! Isso acontece...
Eu não sou tão triste assim, é que hoje eu estou cansada".

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