Pois é, depois de sete dias sem postagem voltei ontem, de forma um pouco tímida, mas voltei. Passei uns dias impossibilitadas de acessar a net, um pouco que, refugiada, digamos assim. Mas o que importa é que estou aqui. É certo, que estou aqui com o acúmulo de trabalho, tentando atualizar tudo que deixei para trás e com isso o Ad Finem, ainda acaba sofrendo e sendo deixado de lado. Mas, tenham calma, (risos) não serão esses entraves que me farão desistir da função de blogger, que eu tanto amo. Não, isso não.
Aos meus leitores que insistentemente me cobraram atualizações deste espaço, meu muito obrigada. Aproveito o ensejo e agradeço ao amigo Das Chagas Meneses, do Atração Musical, pela presença diária neste espaço. Sinto-me honrada com sua presença Das Chagas.
Bem, vamos ao post. Nessa minha ausência toda, durante a semana que se passou, não tive como comentar um artigo que li em um blog dix-septiense e que me chamou a atenção. Inclusive quero de público, antes de citar o aludido texto, parabenizar o amigo Eduardo Andrade pela forma versátil com que vem conduzindo seu espaço ‘Idéias em Xeque’. Eduardo tem conseguido mesclar informações, e ao mesmo tempo, fazer reflexões cruciais sobre a vida, de forma diferente e criativa.
Uma dessas suas reflexões, Eduardo, me chamou atenção pelo fato de você falar com muita propriedade de algo que já vivenciei. Algo que sem dúvida mudou minha maneira de ver o mundo. Não, de ver o mundo não, mudou a minha forma de ver as pessoas. Me fez compreender o quanto somos frágeis, o quanto somos vulneráveis e que em nenhum momento, somos melhor do ninguém.
Experimentei Eduardo situações parecidas com a que está vivendo. Frequentei durante cinco anos, hospitais e hospitais e vi de tudo. Tudo que é possível imaginar e o que não é. Foi ali, Eduardo, nos corredores de hospitais, vendo pessoas sofrendo, que percebi que no meu mundo, não há lugar para rancor, ódio, ressentimento, diferenças, preconceito, descasos, desprezos, etc.
Não quero ser piegas, demagoga ou algo do gênero. Não quero também aparentar uma falsa perfeição, isso nunca. Até porque, reconheço minha fragilidade humana e minha impossibilidade de alcançar esse estágio nesta terra. Contudo, quando somos obrigados a viver certas coisas na vida, quebramos um pouco da casca dura que criamos ao longo de nossa existência e aprendemos a valorizar mais as pessoas.
Nós, seres humanos, temos a inclinação para temermos o sofrimento, e, para evitá-lo, muitas vezes, nos enclausuramos em nossos medos e passamos a ignorar, fugir, menosprezar e até esnobar os nossos semelhantes. Se alguém falhou conosco, entendemos daí por diante, que todas as demais pessoas farão o mesmo e consequentemente, nos distanciamos de todas elas. Isso é um erro grave que cometemos. Agimos com alguém que erra, como se nunca tívessemos errado com ninguém, embora sejamos convictos que isso é impossível. Querendo ou não, um dia já falhamos horrores, com alguma pessoa.
A bíblia nos ensina que devemos tratar os outros da mesma forma que gostaríamos de ser tratado. Desta feita, custa olharmos para as pessoas com um pouquinho de compreensão? Custa ponderarmos, que algumas titudes, muitas vezes tem, por trás delas, inúmeras situações difíceis? Custa tentar desenvolver o sentimento de empatia?
Bem, cheguei até aqui e asseverei tudo isso, apenas para copiar um texto belíssimo, de criação de Eduardo Andrade, que me fez viajar pelo tempo e relembrar-me algumas de minhas convicções que hoje considero preponderante para minha vida.
Eis o artigo de Eduardo:
Esse é o sobrenome fictício que dou a uma personagem de uma história real - Vitoriosa. Talvez perguntem por que um “sobrenome fictício” se a regra é criar um “nome fictício”, quando desejamos contar uma história acerca de alguém sem que seja revelada sua identidade. Explico, então.
Nome é algo que não diz muita coisa. João, José, Eduardo significam apenas simples escolhas feitas por nossos pais, baseadas em preferências e estilo. Diferentemente, sobrenome herda-se. Ninguém escolhe. E ele leva consigo quem somos. O sobrenome procede dos nossos ascendentes e diz muito acerca daquilo que nos foi repassado para formação de nosso caráter. E se durante nossa formação nos foram propiciados bons ou maus exemplos, não importa. As escolhas são nossas. Assim como também não tem relevância se você é apenas mais um Silva Brasileiro ou se seu sobrenome tem “sangue azul”. As escolhas caberão sempre a você. Tem sim importância o fato de que seu sobrenome diz de onde você veio e quais lições você recebeu da vida, decorrentes das pessoas que o ascendem e daquilo que você viveu. Seu sobrenome não dita quem você será, necessariamente, mas pode mostrar quais foram os caminhos que você teve a sua disposição para optar. Um nome, não diz muito. Mas um sobrenome, com certeza, diz muita coisa.
Bem, a verdade é que acerca da minha personagem, sei muito pouco. Sou conhecedor do sofrimento e das angústias decorrentes de vários problemas médicos que lhe afligem, apenas. Não sei nem mesmo o seu nome. Desconheço se é Ana, Joana ou Maria. Unicamente sei que ela é vitoriosa. E ninguém me afirmou tal coisa. Foi por meio de um sorriso que me dei conta. Um largo e belo sorriso demonstrador do quanto minha personagem é especial, merecedora de ter um sobrenome que indica o quanto ela é vitoriosa. Pois bem, como não poderia ser digna de ter por sobrenome Vitoriosa, uma moça linda, em pleno apogeu de sua juventude, que mesmo impossibilitada de viver plenamente, devido a várias doenças, não se abate e luta, ao contrário de alguns que gozam de boa saúde, demonstrando que aprendeu muito com as lições impostas pela vida, e que realmente sabe qual é o segredo da felicidade. Ou seja, ela é uma pessoa vitoriosa.
Vejo muitos Doutorzinhos de meia pataca passeando por aí esbanjando prepotência, pensando serem “os caras”. Suas atitudes demonstram sentimento de superioridade sobre tudo e todos. Ora, que idiotas. Se alguém é superior e sabe algo da vida, esse alguém é minha personagem, uma jovem que vive há muito tempo usando fraudas, sem ter liberdade de fazer por si só nem mesmo as mais básicas das necessidades humanas, mas que, apesar de tudo, não perdeu o dom de ser singela e de demonstrar respeito a alguém por meio de um simples e verdadeiro sorriso. Uma batalhadora que luta contra a teimosia dos seus órgãos vitais em falhar, sempre observando a morte que lhe bate à porta a todo instante. Uma guerreira genuinamente meiga, que mesmo cercada por uma equipe de vários médicos e enfermeiros, que lutam na batalha de tentar salvar-lhe a vida, encontra motivos para sorrir e mostrar generosamente o que é ser vitoriosa.
Existem várias mulheres que jogam fora sua juventude com futilidades. Apesar de saudáveis, preferem usar suas forças para inflar um ego centrado em evidências exteriores. Ou seja, baseado naquilo que demonstra, ou possa demonstrar, “ser” ou “ter”. Muitas preferem ficar ao lado de um idiota que a elas proporcionam benefícios materiais ou status social, apenas. Porém, esquecem que o que vale é ter alguém para dar-lhes carinho e respeitá-las como mulher. Ora, que tolas elas são. Quem dera tivessem a pureza que enxerguei naquele sorriso e fossem ávidas por crescimento tanto quanto minha personagem demonstra ser. O quão feliz não seriam se batalhassem em suas vidas para se tornarem mulheres fortes e independentes, cultas e maduras, tanto quanto batalha a minha personagem pelo simples motivo de poder viver mais um dia em sua vida e poder mostrar a todos o quanto é vitoriosa. Belas seriam se deixassem sua feminilidade agir naturalmente, sem preocupar-se em ter que ser sexualmente atraente precocemente, assim como esplendorosa é a beleza daquele sorriso que demonstra o quanto uma mulher pode ser vitoriosa.
O sorriso que tanto me marcou, recebi por uma porta entreaberta, enquanto transitava pelo corredor de um hospital. Ao término de uma visita feita a um parente muito querido, sai em direção ao mundo fora daquelas paredes, mas, por um motivo inexplicavelmente traçado pelo destino, por poucos segundos me vi perante aquela porta que leva diretamente a um leito, onde uma moça de aparência frágil encontrava-se, naquele momento, rodeada por médicos e enfermeiros. Já tinha ouvido falar dela e de sua situação bastante complicada, mas, apenas isso. Não sei quem é, nem conheço sua história. Todavia, por incrível que pareça, aquela moça me fez enxergar que estava diante de uma vontade arrebatadora de viver. Foi um dos sorrisos mais lindos que já presenciei na minha vida. Cheio de vida e que demonstrou o quanto ela sente prazer em poder vencer um pouco mais, a cada dia de sua dolorosa batalha. Um sorriso que deixou claro que o sobrenome de minha personagem é Vitoriosa.
Governador Dix-sept Rosado. 29/05/2010.
Obs: Este texto tem um pouco de realidade e um pouco de ficção, assim como é a vida. Posso garantir duas coisas, apenas. 1) aquele sorriso nunca esquecerei e me servirá de lição enquanto eu viver; 2) aquela moça é verdadeiramente uma vitoriosa.
Prezada Islamara,
ResponderExcluirAgradeço os elogios referentes ao blog e, principalmente, ao texto "Vitoriosa". Sem falsa modéstia, acho até que não sou merecedor de tanto. Bom, quanto ao que afirmou acerca das experiências que a vida nos proporciona e acerca dos ensinamentos que devemos tirar de bom de todo o ocorrido, concordo com o que disse. Só tenho algo a acrescer. Em certos momentos da vida, temos dificuldades até mesmo de aceitar nossas atitudes erradas e acabamos nos penalizando por tudo. Hoje vejo que não dá pra ser assim. A vida é muito curta pra ficarmos presos a certos erros. O que temos que fazer mesmo é aprender o que os erros tem pra nos ensinar e seguir. Mais uma agradeço sua palavras. Saudações.
Sábias palavras, Eduardo. Obrigada pela interação. Não disse nada além do que não tenha pensado.
ResponderExcluirCara Islamara, adoro seu blog, sempre que posso leio suas materias. Mas não poderia escrever menos? rsrs, digo podia escrever materias menores, assim a leitura fica mais interessante e prazeirosa e não tão cansativa.
ResponderExcluirBjs.
Luzia.
Cara amiga Luzia, obrigada por ser minha leitora, vou tentar seguir seu conselho, só que tenho um probleminha, minha capacidade de síntese é mínima. Mas prometo que vou tentar, risos.
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